Os bebês prematuros que estão na UTI Neonatal da Santa Casa de Campo Grande passaram a dividir espaço, na última semana, com polvos de crochê colocados dentro das incubadoras. Os bichinhos fazem parte de uma iniciativa que começou na Dinamarca e já se espalhou pelo Brasil e tem efeito positivo comprovado na situação clínica dos recém-nascidos. Os polvos ajudam bebês prematuros a se sentirem mais seguros e calmos nas incubadoras.
Como os tentáculos do polvo se assemelham ao cordão umbilical, o objeto faz com que os recém-nascidos lembrem do período em que estavam no útero, acalmando as crianças e ajudando na manutenção dos sinais vitais. Maiores que as próprias crianças, os polvos envolvem os bebês, evitando acidentes e choques nas paredes da incubadora. Para evitar qualquer problema de saúde aos bebês, os bichinhos de crochê precisam ser esterilizados a cada ciclo de sete dias – ou antes, se houver necessidade. Quando os recém-nascidos receberem alta, poderão levar os polvos de estimação para casa.
O projeto é desenvolvido na Santa Casa desde meados de abril e começou com a ajuda de uma enfermeira da UTI Neonatal, Sandra Morales, que decidiu confeccionar os polvos seguindo padrões pré-definidos (material 100% algodão, antialérgico e mantendo as características de formato do polvo) e dentro de protocolos de higiene e segurança. Além dela, a dona Marilisa Mucke Alves, 56, avó do pequeno Daniel que veio um pouco antes do planejado, com 33 semanas, e ficou internado na UTI Neonatal, aproveitou a ideia que estava circulando nas redes sociais e, para acalmar o neto, já em casa, fez um polvo de crochê para ele. Depois do primeiro polvo, Marilisa quis estender o uso dos bichinhos para outros bebês que estão na mesma situação em que o neto permaneceu e propôs à Santa Casa.
Coloridinhos e bem macios, os polvos chegaram ao hospital na última sexta-feira (28). Marilisa doou 11 polvos para a Santa Casa. A doação foi recebida pelo coordenador da UTI Neonatal, Dr. Walter Peres e pela gerente multiprofissional, Alvina de Oliveira Gouveia. De acordo com o Dr. Walter, seis das oito crianças internadas na UTI Neonatal estão utilizando o polvo como coadjuvante no tratamento. Utilizam o polvo, bebês com menos de 1.500 gramas e bebês que não têm condições de ir para o colo dos pais (método canguru).
“Este projeto ajuda na humanização do atendimento aos nossos pacientes. O benefício clínico é a diminuição do stress dos bebês prematuros. A nossa observação diária é de que os bebês se acalmam bastante quando estão em contato com o polvo”, afirma Dr. Walter Peres.