Na manhã desta quarta-feira (2), a equipe de neurocirurgia da Santa Casa de Campo Grande realizou o segundo procedimento cirúrgico para o tratamento da doença de Parkinson. A técnica altamente complexa e inovadora foi a mesma da outra vez, conhecida como Deep Brain Estimulation (Estimulação Cerebral Profunda) que consiste na implantação de um eletrodo na região que controla os movimentos do corpo, localizada no núcleo subtalâmico (região profunda do cérebro).
Atualmente a cirurgia é realizada em pacientes com amis de cinco anos de doença ou nos casos em que a doença é muito incapacitante. As primeiras manifestações, sintomas e sinais da doença de Parkinson costumam ser leves e podem variar de pessoa para pessoa. Eles, normalmente, começam em um lado do corpo e persistem mesmo depois de afetar o outro lado podendo incluir: tremor, rigidez e a bradicinesia (lentidão anormal dos movimentos voluntários).
O aparelho implantado é semelhante a um marca-passo usado em cirurgias cardíacas, porém, este serve para estimulação cerebral e que permite um alívio a partir da estimulação elétrica no ponto do cérebro em que é instalado. A cirurgia é indicada para reduzir a quantidade de medicamentos aos quais os pacientes são submetidos, e retardar o efeito da doença (não sendo uma substituição), mas reduz as doses e efeitos colaterais no organismo garantindo uma melhor qualidade de vida.
Neste caso, o paciente possui 60 anos e foi diagnosticado há dez com a doença. De acordo com o médico responsável pelo procedimento, Dr. Newton Moreira, o paciente tinha um comprometimento motor bem agressivo. “Por conta do tempo transcorrido até fazer a cirurgia, o paciente acabou perdendo muita qualidade de vida por conta das limitações motores que sofria, mas hoje, dois dias após a implantação do eletrodo, a evolução dele já pode ser percebida só pelo efeito lesional do aparelho. O gerador dele será ligado em até 20 dias para dar continuidade no tratamento”, comenta o médico.
Durante o procedimento o paciente permaneceu acordado, porém, sob anestesia local, podendo assim responder às perguntas e obedecer aos comandos motores estimulados pela médica neurofisiologista para nortear os caminhos a serem seguidos na implantação do eletrodo no cérebro. Após ser inserido, é possível perceber a melhora nos movimentos e a diminuição da rigidez no momento em que o eletrodo alça o ponto estratégico no “núcleo cerebral”. Em seguida, o médico fez a implantação de um pequeno gerador de marca-passo na região torácica, gerador este, que irá fornecer a eletricidade para o estimulador implantado no cérebro.
A equipe responsável pelo procedimento é composta pelo médico neurocirurgião, Dr. Newton Moreira, pela médica neurologista e neurofisiologista, Dra. Nathalia Cristaldo, pelo biomédico, Dr. Paul Rodrigo, médicos anestesistas, instrumentadora cirúrgica, enfermeiros e técnicos. Além disto teve o apoio do médico neurocirurgião, Dr. Luís Henrique Kanashiro, e do médico neurologista, Dr. Renato Ferraz.